A Vida Como A Conhecemos: A Moça e o Rato.

Um amigo me indagou sobre o ocorrido, e portanto escrevo aqui estas linhas, para quem quiser saber, ter todos os detalhes que minha mente não apagou. Escrevo no vôo de volta para casa, numa viagem de dez horas sentado num avião na classe econômica, como espaço para os pés faz falta. Divagações à parte, vamos à história:

Fevereiro de dois mil e onze, o dia e a hora exatas já não me recordo mais. O local, New York City, estado de New York. Mais especificamente, o metrô da cidade, estação da rua 34 (se não me engano, com a sétima avenida, não tenho como checar, não durante o vôo).
Como sempre, a estação estava úmida, mal iluminada, abafada, e, para minha sorte, quase deserta, apesar da rua acima de minha cabeça estar cheia de gente circulando, numa temperatura de graus célcius negativos, neve, por vezes ainda branca, e por vezes já escurecida devido à fumaça dos escapamentos dos automóveis, vento de gelar os ossos, e, se eu tenho algo negativo a comentar sobre a cidade, é o maldito vento encanado. Não me incomodo com o frio, sem querer me gabar, encarei temperaturas de -18 célcius nessa mesma viagem, e estava só com um blusão. Sem o vento, é tudo que se precisa. De qualquer forma, o metro não estava muito cheio, e eu estava acompanhado de meu pai e meu irmão, algumas sacolas de bugigangas que haviamos comprado (é incrível o que se pode achar procurando por aí). Enquanto esperávamos o trem, meu irmão resolveu sentar-se num dos bancos de madeira, divididos em cinco assentos. Eles sentou-se no primeiro, da esquerda para a direita. Após alguns momentos, decidi me sentar ao lado dele. Do meu outro lado havia uma moça sentada. Não me recordo da cor, não lembro se era um casaco acolchoado brancou ou preto, lembro que a touca que usava era escura, e ela carregava uma bolsa não muito chamatva, o que me prendeu a atenção foi seu rosto. Para não incomodar esse meu amigo anteriormente citado (moralismos, moralismos e mais moralismos), vou apenas dizer que a moça era muito bonita. Loura, cabelos ondulados, quase encaracolados que lhe passavam do pescoço, olhos claros, não consegui distinguir a tonalidade na baixa luminosidade do subterrâneo, não devia ter mais de vitne anos. Mais alguns segundos se passaram e ela se elvantou de seu confortável lugar, incomodada com minha presença, ou assim pensei, até que percebi que seu rosto quase branco ficara rubro na região ds maçãs do rosto. Vergonha. Então ela fora se escorar num dos pilares de sustentação da plataforma (não recomendo ninguém a fazer isso, a não ser que queira andar com roupas sujas).
E mais alguns segundos se passaram, meu irmão ou meu pai, não me recordo, avistou algo nos trilhos do trem. Quando entendi o motivo da agitação e olhei, vi um rato, uma verdadeira ratazana correndo pelos trilhos. O bicho parou por alguns momentos, e então a menina também percebeu os movimentos de meu pai e de meu irmão, olhou para os trilhos e viu o rato. Ela deu um salto para trás com as mãos na boca, enquanto eu ria, do rato, da reação e de um pensamento que me ocorreu: Ela só percebeu o meu pai e o meu irmão me falando do rato (na hora eles estavam sendo um pouco mais discretos) se ela estivesse olhando para mim, ou meu irmão, ou os dois, não vou superestimar minha aparência, afinal.
Suspeitas à parte, ela pegou o celular da bolsa e tirou uma foto do rato, fazendo um alto estampido, que não abalou o bicho. Então, ela meio rindo, meio nervosa, virou a câmera para minha direção, eu dei um sorisso para ela, e ela tirou uma foto minha (ou do meu irmão, ou dos dois), quando o estampido foi ouvido de novo, ela corou mais ainda e voltou a tirar mais uma foto do rato.
Logo, o trem chegou, e ela entrou em outro vagão, para não ter que me encarar (ou, novamente, meu irmão). Eu entrei no trem junto com meu pai e meu irmão. O trem estava cheio, mas conseguimos achar três bancos para sentar, a viagem até o hotel foi cheia de comentários. Sobre as bugigangas que compramos, sobre a menina, que nunca mais vi na vida (já não posso dizer o mesmo no inverso, ela tem fotos).

Este foi um momento curioso da minha vida, estranhamente engraçado de se compartilhar. Espero que a foto tenha sido porque ela me achou (e/ou meu irmão) bonito (s). E sim, isso realmente aconteceu. Do jeito que eu lembro. Um pequeno detalhe ou outro pode ter sido mudado, mas nada que afete o que aconteceu realmente. Espero ainda poder contar a história da vez que eu, ainda com sete anos, pilotei um avião. Uma experiência completamente inesquecível. Até lá, vivam a vida de vocês e crime suas próprias histórias.

Rafael Mettana, 13/14 de fevereiro de 2011

~ por Kami em 12/04/2011.

7 Respostas to “A Vida Como A Conhecemos: A Moça e o Rato.”

  1. Foi um momento interessante. >D
    Gostei da maneira que o descreveste.

    Terei de lhe pedir a fotografia incriminatória um dia destes.

  2. Também fica me devendo a foto xD
    O texto ficou realmente muito bem escrito. Deve ter sido um problema escrever algo tão bem em uma classe econômica

    Mas hein… seu irmao é provavelmente muito novo pra ela, seu pai provavelmente mais velho que ela. É voce quem meio que está na mesma faixa etária. Acho que nada mais comum do que pensar que ela demonstrou interesse em voce, sim. xD

  3. Ficou bem interessante. =)

  4. precisava, mesmo, era da foto do rato… p/ poder comparar c/ vc, sua cara feia eu conheço XD… bom conto/relato/história…

  5. eohaehoaoeua Achei legal a história, e bem escrita xD
    Arrasando corações, heim.. xDDD

    Mas o texto foi muito bem escrito, anyways xD

  6. Acontece, me relembra várias vaciladas em que eu já deixei escapar várias oportunidades de forma parecida…
    Porém pilotar um avião antes de tirar a carteira (com 17 anos) ainda é melhor do que com 7! :P

  7. Relatos de fatos simples do cotidiano requerem talento, pois dependem totalmente da capacidade narrativa de quem escreve em os tornar relevantes, não-cotidianos, para quem os lê. Parabéns, Kami-kun.

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