Epifanias Um

19/10/2010

Eu sou o arco-íris que deságua e roça em seu pote, desacordada, soçobrando no meio da planície amassada pelo trote de cascos brandos dum cavalo de mel, aqui e ali, tais pontos no anelado da carcaça apertadinha de uma joaninha. Ela dorme seu sono de eras (Afrodite), em seu leito de velas (Nefertiti), mesmo com o sacolejar do mundo e suas mazelas (Inanna): e tudo do dedo (Nanna) renasce dela. Oblíquo meu cavalo saltitante antíquo e minhas medalhas pululantes translúcidas e encaro antes seu inelutável sonho de enobrecidas letras jactantes e textos e adormecida enaltecida bela, mui, mui bela! E deságuo e deságuo e exânime e frio e calado e deságuo e parado e ambíguo e juntos e deságuo e no coletivo exíguo e curado. Mas, no interior de meus malditos desejos avassaladores, só eu, arrastando, verme corando, mísero, rumo à montanha idiota e besta prado que você, inerte, tinge de eldorado. Selo meus olhos e efêmero me despeço: adeus… chuva… adeus… lua… adeus… estrelas… adeus… aquarela … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …


20/10/2010

Sânscrito entrecruzado nas criptográficas representações numéricas: pilares mesopotâmicos. Mofo estático em repouso no espaço quadridimensional, ocupando a galeria de livros empoeirados (e Terminalia catappa). Ondas sonoras plácidas como vestido da namorada invisível (e unhas carcomidas). Rangentes pântanos equinos escavados em recôncavos: botas em estaca no sol-solo. Ampulheta atômica encravada no fóssil: relógio quebrado.

20/10/2010

Meu escalpelo ante a sociedade e seus viventes sob a luz da ribalta expectante e um reflexo fidedigno que transcende as simples entonações e mascaras ribombando nos trajes e lugares do opaco palco que desce o véu da virgem violada é crepúsculo e sinto; é noite… E sinto? Quê de se viver? O texto vai-se e aquém? Enxergar o quê no além? Existir de que vida se não esta? E se não me levarem pra festa? E se da memória perdida tiver que viver? E se das migalhas? E se da história? Que história? E se o dia não raiar? Pronde irão me levar? E se eu for embora? Quê será do espetáculo, agora?

~ por Maverick em 20/09/2010.

Uma resposta to “Epifanias Um”

  1. As vezes isso acontece-me.
    Embora consigas descrever isso de uma maneira infinitamente melhor do que eu. XD

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